A Escola Superior de Polícia Civil – ESPC recebeu, na última quinta-feira (1), especialistas noruegueses em métodos de entrevista policial com foco em casos de alta complexidade e garantia dos direitos humanos. A reunião faz parte do acordo de cooperação técnica entre a Polícia Civil do Paraná – PCPR, a Fundação Meridional – Imed e o Laboratório de Ensino e Pesquisa em Cognição e Justiça – CogJus.

Ao longo da visita, o grupo formado por policiais e docentes noruegueses, teve a oportunidade de conhecer as dependências da ESPC e de presenciar aulas do Curso de Formação Técnico-Profissional 2022, demonstrando entusiasmo e deferência pelo que foi observado.

Participaram, ainda, de reunião com gestores e professores da ESPC em que foram apresentados os conteúdos ministrados nesta unidade de ensino em entrevista investigativa (técnicas aplicadas com suspeitos, vítimas e testemunhas), tanto em capacitação específica, com carga horária 40h, como no curso de formação (carga horária de 12h). Este último conteúdo só foi possível com o advento da nova Matriz Curricular proposta pela ESPC, que possui seis Áreas Temáticas, quais sejam: (i) Área 1 - Investigação Criminal; (ii) Área 2 - Conhecimento Jurídico Criminal; (iii) Área 3 - Inquérito Policial e PPJ-e (sistema de Procedimentos de Polícia Judiciária Eletrônico); (iv) Área 4 - Gestão Administrativa Institucional; (v) Área 5 - Operação Policial e (vi) Área 6 - Prática Reflexiva e Formação Humanista, estando a Disciplina Técnica de Entrevista prevista na primeira área temática (Investigação Criminal).

Tal panorama, conforme os especialistas noruegueses, coloca a ESPC em posição de destaque, em comparação com os trabalhos desenvolvidos no Brasil e mesmo no exterior.

SOBRE O MÉTODO: Ficou demonstrado que a técnica de Entrevista Investigativa, que mudou a perspectiva da polícia norueguesa há 25 anos, ao transformar a entrevista confrontacional em entrevista investigativa, tem sido aprimorada e difundida também na Polícia Civil do Paraná, sendo a ESPC a principal responsável pelo feito. A principal diferença entre os métodos, é que entrevistas não confrontacionais possuem como objetivo a obtenção de dados e informações e não a mera confissão. Além disso, a entrevista investigativa reduz o risco de erro humano e falsas confissões, visto que utiliza de perguntas abertas para aumentar o fluxo de comunicação.

Conforme explicou Knut Asplund, é fundamental que as Polícias Civis no Brasil sejam encorajadas a descontinuar a condução de interrogatórios coercitivos, necessitando ampliar a  articulação entre pesquisas científicas em entrevista investigativa e a atuação policial. Neste sentido, a aproximação da PCPR com a Norwegian Police é um marco histórico que renderá uma parceria duradoura a fim de compartilhar conhecimentos e experiências de atuação policial investigativa, afirma Felipe Melo, Coordenador de Pós-Graduação da ESPC.

PRESENÇAS – Além dos gestores e professores da ESPC, também estiveram presentes no evento, o superintendente de polícia, professor no Norwegian Police University College e pesquisador no Centro Norueguês de Direitos Humanos (NICHR), Asbjørn Rachlew, o detetive-chefe, superintendente e professor associado do Norwegian Police University College, Ivar Fashing, o especialista com licenciatura em antropologia social pela Universidade Oslo (NOR), Knut Asplund, o gerente de Projetos - Departamento Internacional, Gisle Kvanvig e o doutor em psicologia, William Weber Cecconello.